24 de set. de 2013

Carta de um operário - W.S

Eles vieram com suas máquinas, enquanto nossa vida campestre já nos bastava.Roubaram nossa vida simples e nos colocaram num sistema vicioso e escravo. Nossas crianças eram obrigadas a trabalhar como nós, tudo era quente e o vapor incomodava e queimava nossos narizes. Muitos morriam, mas para eles éramos apenas mais uma parte da produção. Ganhávamos pouco ou quase nada e isso se refletia em nossa alimentação, muitas vezes a comida faltava e esse era um dos motivos que nos fazia sentir falta do campo, da nossa terra. O trabalho nunca tinha fim e as horas de tão longas pareciam nunca terminar. Fomos obrigados a isso, não queríamos ver nossas  esposas e filhos sofrendo, mesmo sabendo que essa nova forma de "viver" os matava, pouco a pouco, cada dia mais. Enquanto usávamos roupas rasgadas e cheias de graxa, eles usavam ternos e sapatos de couro finíssimos e importados, o brilho de seus calçados pareciam com os brilhos dos nossos olhos, quando éramos felizes.Quando éramos felizes...Então cansamos de ser massacrados, humilhados e mortos. Quebramos aquilo que tirava nossa paz, suas máquinas, aqueles monstros de fumaça se aperfeiçoavam a cada dia. Nossa revolta era um reflexo das péssimas condições em que estávamos submetidos a viver. Fomos rechaçados, porém demos um grande passo, surgiram as greves, ah as greves... As melhorias foram poucas, quase nenhuma e o movimento continuou, havia surgido um novo monstro e esse vem sendo indestrutível até hoje... O Capital. Vivemos de forma camuflada tudo aquilo que passamos séculos atrás. As máquinas a vapor foram substituídas por computadores de alta tecnologia e nossas crianças ainda morrem trabalhando. A fome nunca saiu do nosso meio, porém além da fome natural -biológica- temos fome de liberdade, e isso muitas vezes me parece impossível.

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