28 de jan. de 2014

Queria sentir muito, mas eu só sinto sono ...

Sim, não há mais tempo para isso cisne negro. É chegada a hora, revire-se, transforme-se, recrie-se. Foi se embora a doce melodia que envolvia nossos tímpanos, hoje resta eco, hoje resto oco. Continuarei com minhas manias loucas, com minhas fotos de caras e bocas, pois sou essência viva, como uma chama altiva não me apago tão fácil.  Mas sou leve como uma pena, o vento me leva e eu entro em cena, não importa o momento nem como anda o meu contentamento, mas sei que possuo talento e sobreviverei disso se tudo der errado. Não preciso de resgate, tenho asas e voarei em busca de um céu escarlate, os raios me chamam pro sol* lá serei livre da hipocrisia humana, da imundície deixada por eles e de tantas mentes insanas. Como se não bastasse mandei fazer um vestido de luar, posso brilhar agora e sei onde irei chegar. As ruas contemplam minha passagem, solitária em busca dos odores celestes, procuro por planetas e galáxias distantes, procuro por lábios e sorrisos constantes, preciso de sabores nunca provados e de segredos que jamais foram revelados. Quero a vida, mas prefiro a morte, porque na morte tudo é vida ou porque na morte a vida é infinita. Queria sentir muito, mas eu só sinto sono e o bom dessa vida é que ninguém tem dono, todas as coisas cooperam para um só ponto, o final. - W.S

* ("os raios me chamam pro sol" é um verso da música Globo da morte da banda Os novos baianos.)

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